Tarô - Cobrar ou não cobrar: Eis a questão!

Depreciar
1 Causar depreciação a; rebaixar o valor de; desvalorizar: Depreciar os méritos de uma pessoa, depreciar um livro. vtd 2 Desestimar, desprezar, menoscabar, menosprezar: Depreciar lembranças, recordações. vpr 3 Perder em consideração, estima, valor: Foi ingrato, depreciou-se. Antôn valorizar, enaltecer. Var: despreciar.

Moderno Dicionário da Língua Portuguesa (michaelis.uol.com.br) 

É certo cobrar para jogar tarô?

Quem estuda o tarô tem a necessidade de jogar tarô para conhecidos. Se trata de uma troca. Parece injusto usar uma ferramente como essa como fonte de renda. É normal se preocupar se está fazendo a coisa certa em cobrar já que você está usando uma ferramente de cunho espiritual, auto-conhecimento. Essa dúvida tende a aumentar quando você começa a participar de cursos e comprar novos livros, o custo dessas coisas é bastante alto. Um curso de 6 horinhas não sai por menos de R$260,00.

No momento em que o estudante de tarô soma o que está gastando (Baralhos, Livros, Cursos, etc) ele percebe que essa "brincadeira" vai sair cara e que o investimento pode ir além do que ele esperava. 

Uma vez ouvi dizer que o consulente que paga pela consulta tem uma visão diferente do seu trabalho. Ele valoriza mais o que você está dizendo e isso me fez todo o sentido. E nesse mesmo dia eu recebi uma sugestão que me pareceu meio maluca de início: Cobrar Prendas.

Minha experiência:

Todas as vezes que você contar para um grupo de no mínimo três pessoas que você joga cartas é INEVITÁVEL que alguém diga: Joga pra mim?

Muitas vezes você quer testar um método ou colocar em prática coisas novas que aprendeu e precisa fazer um jogo nesse momento não tem um filho de Deus para ser sua "cobaia".

Uma luz me ajudou quando eu estava na Conferência Wicca desse ano (Wicca não é minha vibe, mas eu estava lá por causa da palestra de tarô do Nei Naiff) e o Nei disse que uma alternativa para quem não queria cobrar era pedir "Prendas", coisas que você usa no seu dia a dia como tarólogo ou na sua casa. Exemplo: incenso, cristais, etc.

Essa ideia é uma ótima alternativa para quem não quer cobrar em espécie seja lá por qual motivo for.

"Prenda" dada por uma consulente como
pagamento por uma tiragem

Mas aí tem outra coisa: Quando o consulente mora longe? Nesse caso eu achei uma nova alternativa. Nesse caso eu peço para que o consulente deposite um valor que ele se sentir confortável na conta da AACD (site com as contas de doação para a AACD). E em último caso eu falo para que o consulente me dê o que ele acha justo, isso pode gerar uma saia justa mas ainda assim é a melhor forma que eu achei para mim.

Conclusão

O importante é que não se sinta culpado em cobrar pela tiragem do tarô (ao menos que você seja um picareta e não faça ideia do que está falando ao consulente). Coloquei o significado da palavra DEPRECIAR no começo do texto para que tenhamos muito cuidado com isso. Depreciar o trabalho de pessoas que são sérias e tem o tarô como profissão é muito grave. Por isso eu respeito muito essa atividade e acho justo que eu cobre pelo que eu faço mesmo que pra mim não seja minha principal fonte de renda. Cobro da minha forma para que o consulente respeite o que estou fazendo e veja que não é só jogar um monte de papel sobre a mesa e falar o que vem na minha cabeça.

É plausível de discussão as pessoas que cobram para usar dons (como a mediunidade, por exemplo) mas ler tarô não é um dom. Ninguém nasce lendo tarô. Tarô requer estudo, investimento e dedicação além de dom.

Jogando Tarô: O ritual

Muitos de nós temos várias manias no momento de pôr as cartas à mesa. É muito comum ver alguns tarólogos ou cartomantes dizerem coisas do tipo:

- Corte o baralho com a mão direita ou;

- Corte três vezes em sua direção ou;

- Escolha 12 cartas da esquerda para direita;

Oito de Ouros no Tarô Mitológico
Método, aptidão, saber, zelo

E há justificativas para esses cacoetes: a energia não seria usada de forma correta ou não seria canalizada. Ou ainda se justifica que fazendo assim as energias negativas não se aproximariam do lugar. Respeito demais quem tem esse tipo de comportamento. Não acredito que isso faça mal ao jogo mas não servem pra mim. 

Na minha santa ignorância gastei muito tempo pesquisando sobre isso no início dos meus estudos. Me preocupei muito com a quantidade de vezes que eu deveria cortar o baralho, para que lado, com que mão, etc... Acabei vendo que isso é uma tremenda baboseira.

Não faz a mínima diferença como eu embaralho, se eu corto ou como eu escolho as cartas que eu vou jogar. Isso não faz diferença no resultado final. Mas é muito mais confortável ter um método pré-estabelecido. Seguir esse método todas as vezes que você for fazer uma leitura é importante para garantir a assertividade na jogada.

Abaixo eu comento alguns pontos e mitos sobre a tiragem do tarô e o que EU PENSO sobre cada um deles* e aproveito pra dividir com vocês a forma que EU faço minhas tiragens:

Pano de Mesa

Uso o meu pano de mesa apenas para proteger o baralho da superfície que eu possa usar no momento do jogo. A cor do seu tecido é de sua preferência. Eu prefiro cores escuras que destacam mais a carta. O tipo de tecido que mais se encaixa ao meu gosto é o feltro. O feltro geralmente não tem muitas opções de cores. Eu uso um feltro lilás ou um feltro verde que tenho. Mas as vezes eu jogo com um tecido de algodão cru que eu gosto bastante também, a dificuldade desse tipo de tecido é abrir um leque, por exemplo.

Velas, Cristais, Copo D'água, Incenso, anjos, bibelôs, vaso de flor, etc....

Hoje eu não jogo com esses objetos sobre a mesa.  Só jogo com o baralho mesmo. Mas eu acho que é interessante você colocar sobre a mesa objetos que você goste ou que lhe traga proteção. Já tive a experiência de colocar quatro objetos (incenso, vela, copo dágua e pedra) representando os quatro elementos sobre o tecido e percebi que isso me trouxe um conforto no momento do jogo. Mas não considero isso imprescindível. Vale ressaltar que eu não tenho uma sala ou uma mesa só para o jogo. Para quem tem esse espaço acredito que seja mais fácil esse tipo de prática.

Embaralhando

Como tudo o que eu colocar aqui nesse post: esse tópico depende da linha de estudo que você segue. O meu tarot eu tenho um jeitinho bem especial de embaralhá-lo. Não tenho um significado específico pra isso, apenas o faço por que eu me sinto muito a vontade  para refletir sobre a pergunta enquanto eu embaralho dessa forma. Eu divido o baralho em dois montes, seguro em um dos quatro cantos da carta enquanto vou soltando o baralho intercalando as cartas. Repito esse procedimento quantas vezes me der vontade e isso faz com que as cartas fiquem bem misturadas. Enquanto eu faço isso eu vou pensando no meu consulente, refletindo sobre a pergunta ou fazendo uma oração.

Horário

Pra mim, essas é uma das maiores baboseiras. Dizer que não se pode ler tarô em tal horário ou em tal lua. Eu leio o tarô quando me dá vontade, quando eu estou afim de ler. Confesso que eu adoro ler o tarô na madrugada que é quando o silêncio é perturbador de delicioso.

Oração
Eu gosto de fazer uma oração rápida para o anjo da guarda antes de jogar o tarô. Aquela que aprendemos na catequese:
"Santo anjo do Senhor, meu zeloso guardador. Se a ti me confiou a piedade divina: sempre me rege, me guarda, governa, ilumina. Amém"
Para o pessoal que curte paganismo isso não vai soar muito legal (aliás, acho que nenhum dos meus comentários acima) mas eu gosto sim disso. Tenho uma oração que eu mesmo fiz que eu venho praticando ultimamente tem me ajudado muito. Mas ainda a considero muito pessoal para

Música
Eu prefiro o silêncio da madrugada, como eu disse, mas se eu tiver qualquer barulho que possa me incomodar eu gosto de escutar algo como Enya. Aliás eu estou bem enjoado de Enya já, se alguém quiser fazer qualquer sugestão eu agradeço.

Em suma...
Eu acho que você deve jogar o tarô do jeito que você bem entender. Para quem já está jogando tarô há um tempo pode achar esse assunto uma besteira. Mas quando começamos isso é muito importante. 

*Aceito comentários sobre todos esses pontos e acho que uma troca de experiência sobre eles seria muito interessante. Gosto de lembrar sempre que ainda sou um inciante e por isso respeito e escuto os mais velhos na arte do tarô.