Crônica: As folhas secas

Márcio passeava todos os dias na calçada daquela vila distante. Márcio e seu cachorro, doguinho. O ladrilho era preto e branco, o doguinho era preto e branco, só o Márcio que era branco... só branco.

Havia 26 anos que todas as manhãs ele via as folhas do chão, as flores no chão, o lixo no chão, a sujeira também estava lá. Márcio não costumava ver as coisas que estavam lá em cima, não tinha a oportunidade de ver as folhas ainda verdes ou as flores ainda imponentes.

Sabia decor quando a calçada era branca e quando era preta. As poucas reformadas que haviam ali ele já conhecia também e já se preparava alguns segundos antes quando havia um degrau ou um obstáculo.

Mas ele não passeia mais, o doguinho está preso há três dias, e ninguém deu falta do Márcio hoje.

O branco no rosto dele era ainda mais branco, ainda mais branco, quase transparente e quem sentirá falta dele? Todos... as folhas secas, as flores murchas e o doguinho.

Para quem você pede conselhos?

Quantas vezes estamos perdidos ou não sabemos como agir diante de desafios ou novas situações. Há aqueles momentos em que estamos desesperados e parece difícil analisar com clareza. Todos nós fugimos de tomar decisões quando isso é necessário e temos medo de ações que podem impactar em nosso cotidiano ou na vida de outras pessoas.

Quem nunca ligou para um amigo desesperado e disse:

- Amiga, preciso conversar com você. Preciso de um conselho.

Você encontra sua amiga e descarrega nela toda sua carga de problemas esperando um feed-back que realmente te ajude a sair daquela situação.

Mas a pergunta é: Você está procurando a pessoa certa?

É natural que quando você está com um problema em seu jardim você converse com um jardineiro ou quando você está com problemas com a lei você procure um advogado. Será que esse seu amigo é a pessoa certa para te ajudar?

Não estou dizendo que esse amigo não te ame, ou não queira te ver bem. Mas você precisa pedir conselhos de amor para quem está bem nessa área, conselhos financeiros para quem está bem nessa área, conselhos de família para quem tem uma vida familiar bem estruturada.

Frequentemente eu vejo amigos que me procuram para falar de algum problema amoroso e dizem que já pediram conselhos a outra pessoa. Geralmente essa pessoa era a que estava mais próxima no momento ou o amigo mais querido. Mas isso nem sempre é o correto.

Nós aprendemos a andar observando quem anda e aprendemos uma arte, por exemplo, com um artista que saiba e queira ensinar.

O papel de tarólogos, numerólogos, astrólogos nesse assunto é crucial. Nem sempre temos pessoas de sucesso a nossa volta sobre o assunto que precisamos de um conselho e nossos amigos e parentes podem ter uma bagagem traumática sobre o problema em questão. Isso vai fazer com que a resposta seja sugestionada e cheia de pré concepções. Nós, tarólogos, temos a obrigação moral de passar ao nosso consulente o que as cartas dizem e transmitir uma mensagem clara e objetiva a quem está esperando um conselho. Não acredito que uma pessoa que nos procure esteja totalmente segura, pelo contrário, está precisando de ajuda e quer essa ajuda de forma rápida.

Por isso,  preocupado com os conselhos que você anda ouvindo, eu sugiro que pense muito bem a quem contar os seus problemas. Contá-los a quem não vai ajudar a resolvê-los pode ser uma perca de tempo e um cansaço desncessário. A equipe da Astrocentro está aqui para ajudá-la caso esse conselho seja necessário.